Já de regresso a casa e a concluir a nossa viagem na Europa, às 9.23h da manhã, deixámos Munique de comboio/trem interrail (parte 6 do roteiro Interrail) em direção a Mannheim, onde mudaríamos de máquina para seguirmos em direção a Paris. A viagem foi bastante rápida e calma nos comboios de alta velocidade alemães e chegámos à estação Paris Est cerca das 5 da tarde. Uma nova aventura começou…
Visto que era um feriado católico, como o funcionário alemão nos tinha dito na estação de Munique, ainda não sabíamos se teríamos lugar até Irún no comboio/trem da noite, o que significava que iríamos passar a noite em Paris sem qualquer hotel reservado. E, mais importante, será que pagaríamos alguma coisa por banco ou cama no comboio/trem nos dias seguintes? Seria difícil voltar a Espanha?
Más notícias…
Logo na estação Paris Est, perguntámos se havia lugar no “nosso” comboio/trem e recebemos as más notícias: estava cheio! De qualquer forma, com os nossos típicos corações portugueses cheios de esperança, decidimos ir até à estação Paris Austerlitz, de onde o comboio/trem partiria, e perguntar lá… podia ser que os resultados fossem diferentes…
Acelerámos até ao metro para irmos até Paris Austerlitz e, quando chegámos, corremos para a fila de venda de bilhetes. Já que precisávamos de informação precisa e não podíamos arriscar obtê-la com o nosso francês enferrujado, esperámos na fila por um lugar com o único funcionário (em 4) que tinha a bandeira inglesa visível. E esperámos, e esperámos… e esperámos.
Acontece que o funcionário e a moça que pedia informações naquele momento estavam a namoriscar como personagens dum romance francês… e levaram o seu tempo. Entretanto, tive que dizer a todos os que estavam atrás de nós na fila “Je necessite l’Anglais…” quando me perguntavam porque não avançava na minha vez. A Helena fartou-se e tentou a sua sorte com um funcionário em francês mas ele foi tão desagradável que a Helena não percebeu se tínhamos lugar no comboio/trem ou não.
A caminho de casa!
Finalmente, vimos outro funcionário, um pouco mais longe, a acenar-nos e chamar-nos. Não tinha a pequena bandeira inglesa mas disse-nos, em inglês perfeito, que apesar de falar bem precisava de trabalhar na companhia durante uns tempos e passar alguns exames antes de ter o “direito” de colocar a bandeira na janela… A burocracia sem lógica das grandes companhias.
Bem, o seu nome era Pierra e salvou-nos o dia! Verificou os detalhes do comboio/trem no computador e disse-nos com grande surpresa: “Quem vos disse que o comboio estava cheio?! Há imensas camas disponíveis e, se quiserem, também posso reservar os bilhetes de Irún para a Corunha. Querem que faça isso?” SIM, QUEREMOS!
Entrámos no comboio/trem cerca das 11 da noite, felizes por estarmos sozinhos (e não com pessoas a fazer barulho ou a beber ou outra coisa qualquer que já tínhamos visto noutros sítios) num compartimento de 6 belhiches até que duas moças alemãs entraram. Eram sossegadas e eu não me podia queixar. A Helena até me disse em voz baixa “Oh… que sorte que tu tens!”.
Sim, estava tudo a correr bem quando outro passageiro entrou, um francês na casa dos quarenta, bêbado e a cheirar a álcool. Entrou, fechou a persiana batendo com força nos pés da Helena, sentou-se na cama e tirou um pequena faca… e com aquela faca demorou uns 30 segundos a rasgar o saco de plástico onde estava a almofada. Que raio!? Bem, de qualquer forma, estávamos no comboio e, apesar de estar bêbado e de ressonar, podia ter sido pior.
Chegámos a Irún cerca das 7.30 da manhã, fomos até ao funcionário e ele disse-nos que tinham estado à nossa espera na estação porque os comboios/trens para a Corunha estavam cheios mas eles sabiam que duas pessoas tinham feito a reserva em Paris e precisavam daqueles bilhetes. Obrigado outra vez, Pierre!
Depois de mais uma aborrecida viagem de 11 horas, finalmente chegámos a casa, a bonita cidade de Corunha.
Esta viagem foi realizada no Verão de 2010. Levei quase um ano a escrever estes artigos mas consegui lembrar-me de uma boa parte com a ajuda dos bilhetes, mapas, postais, etc, que a Helena guardou e também com as fotos que tirámos.
Outra grande viagem que podem fazer de comboio é ao Japão. Para isso, terão de comprar o Japan Rail Pass para “voar” entre cidades.

[Artigo traduzido e adaptado do original em inglês Interrail – France (the end).]