Fazer o Círculo Dourado da Islândia (ou Golden Circle, em Inglês) é uma experiência fascinante para todos os viajantes que se decidem a visitar o país. Este circuito turístico islandês parte de Reykjavík, razão pelo qual é tão popular.
Ao longo de cerca de 300km, o Círculo Dourado da Islândia permite, duma assentada, sentir de perto 3 das maiores atrações desta ilha no norte da Europa.
- Parque Nacional Thingvellir
- Área geotermal de Geysir
- Cascata Gullfoss
O Círculo Dourado é um cartão de visita para as maravilhas da natureza da Islândia e, ao mesmo tempo, um contacto com o património histórico deste país singular. Estes fatores, aliados à sua localização privilegiada, perto da capital, tornou este circuito um pouco turístico demais para o meu gosto. Mas continuo a considerá-lo imperdível.
Círculo Dourado da Islândia – a viagem começa aqui
Este foi o primeiro dia da viagem na Islândia, sem contar com a escala em Barcelona para fazer o voo Lisboa-Reykjavik.
Quando o avião se fez à pista do Aeroporto Internacional de Keflavík, o maior da Islândia, foi possível ver a Península de Reykjanes, praticamente toda coberta de lava vulcânica. Um cenário que mais parecia o solo lunar (imagino eu). Que visão!
Aterrámos praticamente às 4 da madrugada mas era de dia, pois em julho, na Islândia, as “noites” têm apenas entre 3 a 6 horas. O céu nunca chega a ficar verdadeiramente escuro. Levantámos 3500 coroas islandesas numa ATM enquanto esperávamos pelas malas.
Quando saímos da zona reservada a passageiros já o funcionário (o John) da empresa de aluguer de carros na Islândia nos esperava. Depois das formalidades e de algumas dicas preciosas para conduzir na Islândia lá deixámos o aeroporto.
Rolámos poucos quilómetros até à primeira mini-povoação, Reykjanes, deserta às 5h da manhã. Parámos no estacionamento dum supermercado para nos orientarmos com os mapas e rever o Roteiro de Viagem à Islândia que eu tinha preparado.
Organizámos as malas, comemos sandes compradas no aeroporto e trocámos as roupas dos 30ºC de Barcelona para os 10ºC da Islândia.
Explorámos um pouco a Península de Reykjanes. A paisagem é simplesmente fantástica, completamente diferente e árida. Ao lado da estrada existem enormes campos de lava de erupções antigas.
Circulámos pelas estradas 44 e 425 até que, a cerca de 15 km do aeroporto, parámos na Bridge Between Two Continents (Ponte Entre Dois Continentes). A luz maravilhosa do sol, o cenário de lava e as centrais geotérmicas a fumegar no horizonte tornaram este lugar memorável naquele dia.

A Ponte Entre Dois Continentes atravessa uma espécie de “rio seco”. Na realidade, este é o início de uma das grandes fissuras na crosta terrestre, entre a placa norte-americana e a placa Eurasiática. Esta fissura começa aqui na Islândia e segue para sul atravessando, a certa altura, o arquipélago do Açores.
A ponte em si é pedonal e tem apenas 15 metros. Pelo menos por enquanto, pois as duas placas tectónicas continuam a afastar-se a um ritmo de 2cm por ano… A ponte foi construída em 2002, em honra do explorador Leif Ericson, considerado o primeiro europeu a visitar a América do Norte.
Continuámos a viagem e, sem fazer qualquer desvio, seguimos pela estrada 425. Mais à frente, visitámos o porto de Grindavík, que também estava deserto.



Virámos então para a estrada 43 em direção à Blue Lagoon (Lagoa Azul), um dos lugares mais emblemáticos do país. Está para a Islândia como a Torre Eiffel para Paris, o Big Ben para Londres ou o Pão de Açucar para o Rio de Janeiro.
A Blue Lagoon é um sítio turístico da Islândia mas também é extremamente popular entre os islandeses. Trata-se de um spa com águas azuis leitosas aquecidas a uns perfeitos 38ºC pela central geotérmica de Svartsengi.
Para o primeiro dia do nosso roteiro de viagem tínhamos planeado fazer o Círculo Dourado da Islândia. Depois, tencionávamos dormir o mais a noroeste possível. Decidimos alterar os planos. Precisávamos mesmo de relaxar um pouco porque tínhamos dormido (mal) 2 horas no avião Espanha-Islândia.
Pagámos 35€ cada um para entrar na Blue Lagoon, toalha não incluída. Ficámos até cerca do meio-dia a boiar nas águas quentes.

Fizemos esfoliação facial com a lama vulcânica, usámos a sauna, tomámos banhos na cascata. Acabámos por ficar mais de 2 horas. É um lugar caro e, repito, muito turístico para o meu gosto. Mas não o perderia por nada deste mundo.
Visitar o Círculo Dourado da Islândia (Golden Circle)
De volta ao carro, seguimos pela 41 em direção a Reykjavik. Depois, pela estrada principal da país (N1) e virámos para a 36. passámos Thingvellir e seguimos as indicações até aos geysers, mesmo à beira da estrada.
Círculo Dourado – Área geotermal de Geysir
Nesta zona do Círculo Dourado existem muitos locais onde as nascentes de água juntamente com o solo vulcânico fazem com que haja vapor no ar. Há também muitos buracos no solo com água a ferver.
Mas o mais impressionante são mesmo os geysers! Sabia que está aqui o primeiro a adotar esta designação e a dar o nome a todos os outros do mundo?
Um destes geysers expele água até 70m de altura(!), ainda que pouco frequentemente. Há um outro, o Strokkur, com erupções bem mais frequentes. Atinge alturas mais modestas mas também é impressionante.

Círculo Dourado – Cascata Gullfoss
A próxima etapa do Círculo Dourado era a Cascata Gullfoss. Esta queda de água impressionante faz um barulho ensurdecedor. Subimos ao miradouro para admirar a grandeza do lugar e quase voámos com a ventania.
Descemos o monte pelas escadas de madeira e fomos o mais perto possível da cascata. Uau!!! Quase inacreditável.
De tudo o que vi no Círculo Dourado e mesmo por toda a Islândia, a Cascata Gullfoss foi talvez o mais impressionante. Quase não há palavras para esta força imensa.
Localizada num desfiladeiro do Rio Hvítá, segundo os estudos, o nível médio das águas da Gullfoss é de 140 m³/s no verão, 80 m³/s no inverno… E o maior caudal alguma vez registado foi de 2000 m³/s!!
Esta força da natureza chegou a correr o risco de desaparecer na primeira metade do século XX, porque investidores estrangeiros tencionavam construir uma barragem hidroelétrica no rio.
Uma história popular, verídica ou não, conta que Sigríður Tómasdóttir, a filha do dono das terras em volta da cascata, fez tudo para salvar este local que ela tanto amava. Chegou a ameaçar que se lançaria na própria cascata.
Segundo a história, Sigríður foi a pé até Reykjavik (120 km), onde chegou em muito mau estado e com os pés ensanguentados. Acabaram por ouvi-la e a barragem não foi construída. Hoje existe um pequeno memorial em sua honra na própria Cascata Gullfoss.
Círculo Dourado – Vídeo da Cascata Gullfoss
Se quer experimentar algo verdadeiramente fantástico que o vai encher de boas energias, não perca este lugar do Círculo Dourado da Islândia. Nem sequer editei este vídeo para perceberem como é poderosa. Ouçam só o vento e vejam a grandiosidade da Cascata Gullfoss!!
Círculo Dourado – Parque Nacional Thingvellir
Novamente com o volante nas mãos, não completámos a “volta redonda” do Círculo Dourado, que regressa a Reykjavík por uma estrada mais rápida mais a sul. Em vez disso, voltámos para trás e parámos então no Parque Nacional Thingvellir.
Este é um dos lugares mais importantes de toda a história da Islândia. Foi nesta área que se realizou o primeiro parlamento do país, Alþingi, em 930 d.C..
Em Thingvellir, os chefes e outros representantes de todas as tribos da Islândia reuniram-se para impedir que uma família muito poderosa do sudoeste islandês viesse a ter ainda mais poder.
A localização deste lugar permitia que nenhum dos chefes tribais tivesse que viajar mais do que 17 dias para lá chegar. Assim, esta primeira grande reunião foi o início da fundação da Islândia.
Thingvellir é o local que simboliza a identidade nacional e faz parte do património cultural dos islandeses. Não surpreende, então, que fosse escolhido para a cerimónia em que a Islândia se proclamou independente da Dinamarca, a 17 de junho de 1944.
Thingvellir foi declarado Parque Nacional ainda antes da independência, em 1928. Em 2004, a UNESCO considerou o parque como património mundial devido à sua importância histórica e às características tectónicas e vulcânicas.
Quando visitei esta parte do Círculo Dourado estava a chover. Por isso, não consegui ver muito. Mas ainda deu ter uma noção da beleza verde de Thingvellir e entrar numa minúscula mas fotogénica igreja construída em 1859. A primeira a ser construída no local data do princípio do século XI. Logo após do Cristianismo ter sido aceite como religião na Islândia, no ano 1000.
Tours Círculo Dourado / Golden Circle
Muitos viajantes preferem não alugar carro e fazer tours organizados com empresas locais. Se for esse o seu caso, pode escolher entre estas atividades que o levam pelo Círculo Dourado da Islândia.
Deixar o Círculo Dourado da Islândia (e seguir para norte)
Fazendo o caminho inverso da manhã, chegámos novamente à N1 e seguimos para norte. A certa altura, atravessámos o Túnel Hvalfjörður. São 5.770m debaixo do mar que se fazem em apenas 7 minutos. A alternativa dando a volta pela estrada 47 demoraria quase mais uma hora para fazer 45km.
Fizemos a reserva no Hotel Edda Laugar í Sælingsdal, perdido no meio do nada, pelo telefone. Já chegámos tarde, bem depois da hora de jantar. Comemos umas sandes que nos arranjaram e fomos dormir depois dum belo banho.
Desde o aeroporto, passando pelas atrações do Círculo Dourado e chegando ao hotel, conduzimos 488km no primeiro dia na Islândia.
No dia seguinte, havia mais estrada para fazer, já nos Fiordes Ocidentais. Queríamos ver os papagaios-do-mar nos penhascos altíssimos de Látrabjarg e percorrer uma das zonas habitadas mais remotas do país.
Mas essa história fica para o próximo artigo deste guia de viagem – Fiordes Ocidentais da Islândia.
Guia de Viagem Islândia
- Roteiro de viagem à Islândia – O que visitar
- Dormir na Islândia
- Alugar carro na Islândia
- Conduzir na Islândia, dicas para viajar de carro
- Dia 1 – Voo Lisboa – Barcelona – Reykjavík
- Dia 2 – Círculo Dourado
- Dia 3 – Fiordes Ocidentais
- Dia 4 – Desde os Fiordes Ocidentais até Akureyri
- Dia 5 – Lago Myvatn
- Blue Lagoon
- Viajar na Islândia – Caro ou Barato?