Depois de termos visitado o Círculo Dourado da Islândia e de termos dormido no Hotel Edda Laugar í Sælingsdal,este dia do roteiro estava reservado para conhecer as paisagens remotas dos Fiordes Ocidentais.
Assim que saímos do hotel, começámos logo a ter uma noção da magnitude do caminho que nos esperava. Muito, muito verde.
À beira da estrada, com pouquíssimo trânsito, fomos parando dezenas de vezes para fotografar montes, algodão, cavalos, ovelhas, cascatas, lagos, o mar,…
A cada baía na Islândia ficamos com vontade de ficar e sentir o vento frio. Sentimo-nos vivos. Adoro o calor mas o clima da Islândia, rigoroso mesmo no verão, ainda não me saiu da cabeça. Quero voltar logo que possa.

Uma ou duas horas depois, chegaram os Fiordes Ocidentais, a zona habitada mais remota da Islândia. Ainda assim, vêem-se quintas à beira da estrada.
Achei também curiosa a forma como as ovelhas vivem. Todas têm dono mas andam livremente pelos montes (vedados ou não). A determinada altura do ano, todos os agricultores se juntam num cordão e fazem-nas descer até um ponto comum para tratar, tosquiar e vender.
O mais engraçado é que as ovelhas andam pelos campos quase sempre em família. Ou seja, não constituem, normalmente, rebanhos. Andam a pares ou com crias. Já os maravilhosos cavalos de longas crinas, esses, costumam estar guardados atrás de vedações. Ainda que por vezes não pareça haver quintas durante quilómetros.

Os Fiordes Ocidentais da Islândia são simplesmente grandiosos. E pensar que grande parte dos turistas neste país se fica apenas por Reykjavik e pelo Círculo Dourado ou uma ou outra excursão…
Um fiorde (do islandês, fjord) é uma grande entrada do mar entre altas montanhas rochosas. Formam-se devido à erosão provocada por um glaciar que, como se fosse um rio, se deslocava para o mar.
Vídeo paisagens dos Fiordes Ocidentais da Islândia
Andar de carro pelos fiordes da Islândia é, por si só, uma aventura. Estamos a falar de centenas de quilómetros para cima e para baixo em estradas alcatroadas mas, muitas vezes, mesmo de terra batida. Nada que não se faça em segurança se tivermos em conta alguns conselhos para se conduzir na Islândia.
As subidas íngremes só acabam depois de algumas curvas em cotovelo. Depois de cada uma, a vista fica ainda mais fantástica. As cascatas são mais do que muitas. Podemos dizer que praticamente não acabam.
Fotografias Fiordes Ocidentais, Islândia






















Já muitos quilómetros depois do início do dia, e já perto das 2 ou 3 horas da tarde, chegámos ao pequeno Museu Minjasafn Egils Ólafssonar. Este conta a história da Península de Látrabjarg a nível da agricultura, da pesca e da vida do dia-a-dia. Uma interessante forma de apresentar uma espécie de manual sobre como viver em condições tão duras.
Neste museu dos Fiordes Ocidentais da islândia existe também uma cafetaria. Serve bolos caseiros deliciosos e, entre outras coisas, chocolate quente, café ou chá para nos aquecermos.
O exterior mostra-nos uma paisagem lindíssima… e Jeeps e carcaças de aviões da Marinha dos Estados Unidos.

A estrada de terra batida continua até bem perto dos Penhascos de Látrabjarg, o ponto mais ocidental da Europa (se não contarmos com os Açores).
O carro alugado na Islândia ficou lá em baixo no parque de estacionamento e o resto do curto caminho foi feito a pé, monte acima.

A altura dos penhascos impressiona. É o maior penhasco da Europa onde nidificam aves, com até 440m de altura ao longo de 14km. A toda a hora há pássaros, aos milhares, a chegar e a partir dos seus ninhos.
Encontramos essencialmente a torda-mergulheira (40% da população mundial), o ganso-patola, o Arau-comum, o Papagaio-do-mar. Estes últimos, Puffins em Inglês (lundi, em Islandês), são os meus preferidos por causa dos bicos coloridos e da sua expressão engraçada.

Para mim, é incrível como é que um pássaro com uma aparência tão pesada e umas asas tão pequenas consegue voar. Não têm medo nenhum das pessoas, o que me permitiu tirar imensas fotos a apenas um metro de distância.
Vídeo Penhascos de Látrabjarg
Ficámos quase uma hora nos Penhascos de Látrabjarg, a resistir ao vento que quase nos levantava os pés do chão. Há muitos turistas em viagem pela Islândia que acabam por só visitar Reykjavik e o Círculo Dourado.
Os Fiordes Ocidentais são a zona de que mais gostei no país, uma das mais selvagens e a mais remota. Voltaria à Islândia só para ir ver a passarada!
Fotografias Penhascos de Látrabjarg















A partir dos penhascos, o regresso é feito pela mesma estrada. Passámos novamente pelo navio Gardar BA 64, construído em 1912 e encalhado na praia desde 1981.

Mais à frente, na pequena aldeia de Patreksfjordur (650 habitantes), parámos para comprar mantimentos num café/mini-mercado. Tentámos também comprar água mas não encontrámos.
Quando perguntámos ao dono do café ficou muito admirado… “Encham a garrafa na torneira! É grátis e a mais pura do mundo!” Foi o que fizemos a partir desse dia.
Continuámos o percurso pela estrada com maravilhosas paisagens, ora no alto do fiorde, ora perto do mar. Mesmo antes de chegarmos a Isafjordur, a capital dos Fiordes Ocidentais da Islândia, atravessámos o Túnel Vestfjardagong. São 9.113m debaixo do chão para atalhar muitos quilómetros!
Vídeo saída do Túnel Vestfjarðagöng, Fiordes Ocidentais da Islândia
Chegámos a Isafjordur perto das 19.30h, depois de uma viagem de 478km pelos Fiordes Ocidentais. Os supermercados já estavam fechados… Não se viam assim tantas pessoas na rua.
Os poucos hotéis existentes para os quais tínhamos ligado estavam cheios. Finalmente, lá encontrámos a solução, um outro hotel da rede Edda, Hotel Edda Isafjordur.
Curiosamente, os estabelecimentos da cadeia Edda são residências de estudantes nas áreas rurais durante o período de aulas. O inverno rigoroso significa que muitas estradas ficam intransitáveis por causa da neve. Seria impossível fazer o percurso desde as quintas e zonas remotas diariamente.
Nessa altura também não há turistas. Não é, pois, viável ter um hotel para operar durante apenas alguns meses de verão.
Ainda demos um passeio de carro, já à noite. Comemos sandes e fruta que tinha sobrado. No dia seguinte logo compraríamos mais mantimentos para mais essa parte do nosso roteiro na Islândia.
Mas essa história fica para o próximo artigo deste guia de viagem – Islândia, Fiordes Ocidentais até Akureyri.
Guia de Viagem Islândia
- Roteiro de viagem à Islândia – O que visitar
- Dormir na Islândia
- Alugar carro na Islândia
- Conduzir na Islândia, dicas para viajar de carro
- Dia 1 – Voo Lisboa – Barcelona – Reykjavík
- Dia 2 – Círculo Dourado
- Dia 3 – Fiordes Ocidentais
- Dia 4 – Desde os Fiordes Ocidentais até Akureyri
- Dia 5 – Lago Myvatn
- Blue Lagoon
- Viajar na Islândia – Caro ou Barato?