A República das Maldivas (Divehi Rajjeyge Jumhuria, em maldívio) é um país composto por 1.196 ilhas, apenas 203 habitadas, espalhadas pelo Oceano Indíco, a sul da Ásia, sudoeste do Sri Lanka e da Índia. O nome Maldivas deriva de maldwipa que, no idioma malabar, junta mal (mil) com dwipa (ilhas). Este nome faz, pois, todo o sentido.
As Ilhas Maldivas estão agrupadas em 26 atóis que, vistos de cima, são por si só uma visão fenomenal, com os diferentes tons de azul em seu redor. Importa referir que um atol é uma ilha oceânica em forma de anel com estrutura coralínea e de outros invertebrados, constituindo um lagoa no seu interior. Ou seja, teoricamente, as Maldivas teriam apenas 26 ilhas mas como cada uma está parcialmente submersa e tem os seus picos a sair da água, cada um deles é considerado uma ilha.
História das Maldivas
Pouco se sabe sobre a história antiga das Maldivas. Segundo a lenda, o príncipe cingalês Koimale encalhou numa lagoa das Maldivas com a sua esposa, filha do rei do Sri Lanka, e dominou a região como o primeiro sultão. Ao longo dos tempos, vários povos passaram pelas Maldivas. Cada um deixando um pouco da sua cultura. Exemplos desta influência foram os marinheiros dos países do Mar Arábico e dos litorais do Oceano Índico.
Já entre 1558 e 1573, como não podia deixar de ser, também os portugueses passaram pelas Maldivas, onde estabeleceram uma pequena feitoria administrada a partir da colónia de Goa, na costa da Índia. 15 anos bastaram para que a impopular governação do feitor originasse uma revolta dos maldivianos que, liderados por um líder local chamado Muhammad Thakurufaanu Al-Azam, expulsaram os portugueses das Maldivas. Este herói nacional viria a tornar-se sultão e ainda hoje tem um pequeno memorial em sua honra. A data da sua vitória é comemorada como dia nacional, no primeiro dia de Rabee ul Awwal, o terceiro mês do Calendário Muçulmano.
As Maldivas foram um país independente na maioria do tempo que decorreu entre 1153 e 1968, governado como um sultanato islâmico. De 1887 a 25 de Julho de 1965 foi um protetorado britânico. Após a independência, durante 3 anos, subsistiu o sultanato até que, a 11 de Novembro de 1968, foi abolido e substituído por uma república.
A 26 de Dezembro de 2004, as Maldivas foram devastadas pelo tsunami que atingiu imensos países no Oceano Índico. As ondas de 1,2 a 1,5 metros inundaram este país (praticamente plano) quase por completo. Pelo menos 75 pessoas morreram e as infraestruturas de 13 ilhas habitadas e 29 ilhas turísticas foram arrasadas.
Mais recentemente, como consequência do Escândalo Canarygate, o presidente das Maldivas, Mohamed Nasheed, demitiu-se a 7 de Fevereiro de 2012, após acusações de abuso de poder, corrupção e obstrução à justiça vindas do poder judicial e do próprio povo. O governo de Nasheed terá sido ainda mais grave para a economia das Maldivas do que o Tsunami de 2004.
Geografia das Maldivas
Como já referi no início deste artigo, as Maldivas são constituídas por 1196 ilhas de coral agrupadas em 26 atóis. Estes encontram-se espalhados por cerca de 90.000 km², pelo que se considera este país como um dos mais dispersos do mundo. As ilhas situam-se entre as latitudes 1ºS e 8ºN e as longitudes 72ºE e 74ºE. Os atóis são formações de recifes de corais e faixas de areia situados no topo de uma cordilheira submarina de 960 km de comprimento, que se estende de norte para sul. Só no sul é possível atravessar o Índico navegando de forma segura com grandes navios.
A maior ilha das Maldivas é Gan, no Atol Laamu. No Atol Addu, é possível fazer a ligação por uma estrada com 14 km construída sobre o recife nas ilhas mais ocidentais.
O recorde mundial do país com a mais baixa altitude é das Maldivas, já que o seu ponto mais elevado está a 2,3 metros do nível do mar. A altitude média é de 1,5 metros e a maioria do território habitado está apenas a 1 metro de altitude. A capital, Malé, está a 90 centímetros acima do nível do mar e nela vivem 80.000 pessoas.
A capital faz, pois, parte dos 80% do território das Maldivas que se encontra a menos de um metro do nível do mar. Com o aquecimento global e a subida das águas, as Maldivas estão em risco e podem desaparecer completamente nos próximos 100 anos. Não admira, por isso, que este país tenha sido o primeiro a assinar o Protocolo de Quioto, que visa reduzir as emissões de gases para a atmosfera por parte dos países industrializados.
Também não surpreende que haja planos do governo das Maldivas para comprar terras em países próximos. Os escolhidos para realojar, pelo menos, parte dos 360.000 maldivianos caso sejam forçados a evacuar são a Índia e o Sri Lanka.
Fauna e Flora nas Maldivas
Com tão pouca terra, a vegetação e a vida selvagem nas Maldivas não poderiam ser muito variadas e abundantes. Mas, debaixo de água, acontece o contrário. Nas águas maldivianas a vida marinha é extremamente rica e as espécies animais têm um alto valor biológico e comercial. Por isso, a pesca do atum um dos principais recursos das Maldivas.
Há mais de 2.000 espécies de peixes e imensos corais. E não precisa procurar muito para os ver. Em qualquer lagoa dum hotel nas Maldivas vai encontrar muitos destes animais marinhos.
Clima nas Maldivas
O clima nestas latitudes é tropical e húmido, com uma precipitação média anual de 2.000 mm. Para saber quando viajar para estas ilhas, leia o artigo Viagem de avião Maldivas.
Demografia das Maldivas
Devido à mistura de culturas dos povos que se fixaram nas ilhas Maldivas, é grande a diversidade étnica. Os primeiros colonos vieram do sul da Índia e do Sri Lanka e, ainda hoje, a relação com estes países é extremamente importante. No resort onde fiquei, Paradise Island, pude comprovar isso mesmo. A maioria dos funcionários vinha da Índia, desde o empregado de mesa ao informático. Em conversa com alguns deles, foi-me dito que havia recrutamentos de pessoas em grande número para trabalhar na indústria turística das Maldivas.
Há pouca estratificação social nas Ilhas Maldivas e a classificação não é rígida. Faz-se a partir de fatores como ocupação, riqueza, virtude islâmica e laços familiares. Segundo a tradição, não há o complexo sistema de castas encontrado ainda hoje na Índia. Em vez disso, a distinção é simplesmente entre nobres e pessoas comuns. Os membros da elite social estão concentrados na capital, Malé.
Entre 1905 e 1965, a população manteve-se em cerca de 100.000 habitantes. Depois da última data, ou seja, após as Maldivas terem ficado independentes dos Britânicos, a taxa de crescimento aumentou por via das melhorias no setor da saúde.
Em 2007, já havia 300.000 habitantes nas Maldivas. A esperança média de vida situava-se nos 72 anos, a mortalidade infantil era de 12 por 1.000 e a alfabetização dos adultos chegou aos 99%.
Em abril de 2008, viviam nas Maldivas mais de 70 mil funcionários estrangeiros. Havia também 33 mil imigrantes ilegais provenientes de países vizinhos como Índia, Sri Lanka, Bangladesh e Nepal.
De qualquer forma, o país continua a ser o menos populoso da Ásia. E o menos populoso entre os países muçulmanos.
Política nas Maldivas
As Maldivas são uma república presidencialista. O presidente, chefe de estado e governo, é eleito por cinco anos, por voto secreto do parlamento e depois referendado pela população. Pelo menos era assim até à situação da demissão do presidente Mohamed Nasheed, em Fevereiro de 2012. Neste momento da edição do Guia de Viagem Maldivas, setembro de 2016, o presidente em exercício é Abdulla Yameen.
O poder legislativo é exercido por um parlamento com uma única câmara, a Majlis das Maldivas. Esta é composta por 50 membros, 42 eleitos por sufrágio universal e 8 nomeados pelo presidente. A Majlis renova-se a cada 5 anos. Quanto a partidos, até 2005 existia apenas um, o Dhivehi Rayyithunge Party. Nesse ano foram legalizados outros partidos políticos.
A capital das Maldivas é Malé, uma das maiores ilhas do país.
Economia das Maldivas
Durante séculos, a economia das Maldivas dependeu completamente da pesca e de outros produtos provenientes do mar. Ainda hoje a pesca é o setor que emprega a maioria da população.
Nos últimos anos, as atividades relacionadas com o turismo têm crescido bastante e o seu desenvolvimento tem vindo a criar empregos e a gerar oportunidades noutras áreas, como na indústria. Atualmente, é a partir do turismo que entra mais moeda estrangeira nas Maldivas, 28% do PIB. Existem mais de 100 centros/resorts turísticos a operar e são recebidos anualmente mais de 500.000 turistas estrangeiros.
Sem terras para cultivar, a maior parte dos alimentos é importada. As Maldivas sofreram enormes problemas económicos depois do tsunami de 2004.
Cultura das Maldivas
A cultura das Maldivas foi, obviamente, influenciada pelos povos vizinhos, como o Sri Lanka, o sul da Índia, o leste de África, a Insulíndia e o Médio Oriente. Também se encontram nas Maldivas características da Arábia e da Indonésia.
Religião nas Maldivas
A religião predominante tem sido o Islão, desde que foi introduzida em 1153. O Islamismo é, pois, a religião oficial das Maldivas. 100% da população é muçulmana e a prática aberta de qualquer outra religião é proibida. Também a constituição segue os preceitos do Islamismo e, segundo esta, “um não-muçulmano não se pode tornar cidadão”.
